Beco do Caminho Curto
Um pouco da História
Localizada no distrito de Pirabeiraba, em Joinville, Santa Catarina, a Comunidade Quilombola Beco do Caminho Curto é um retrato vívido da resiliência e da riqueza cultural afro-brasileira. Com uma história marcada pela busca por reconhecimento e a manutenção de suas raízes, a comunidade enfrenta e supera desafios diários.
Reconhecimento Oficial e População: A comunidade foi oficialmente reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 10 de maio de 2019. Este reconhecimento é o resultado de um longo e árduo processo, iniciado em 2013, que finalmente garantiu à comunidade direitos territoriais e o acesso a políticas públicas específicas. Atualmente, o Beco do Caminho Curto abriga aproximadamente 41 famílias, totalizando cerca de 181 pessoas, que mantêm viva a memória e as práticas de seus ancestrais.
Desafios Cotidianos e a Luta por Infraestrutura: Apesar do reconhecimento, a vida no Beco do Caminho Curto não é isenta de dificuldades. A comunidade enfrenta desafios significativos relacionados à infraestrutura básica, como a falta de um transporte público. Além disso, os membros da comunidade relatam frequentemente episódios de racismo e preconceito, o que sublinha a necessidade contínua de maior inclusão social e respeito à identidade quilombola.
Cultura e Identidade como Pilar de Resistência: Em meio a esses desafios, a cultura floresce como um pilar de resistência. A comunidade do Beco do Caminho Curto se dedica a manter vivas suas tradições culturais, buscando o empoderamento étnico e combatendo o racismo estrutural. A valorização de sua história, de suas práticas e de sua identidade é uma forma poderosa de afirmação e resiliência.
Em resumo, o Beco do Caminho Curto é um testemunho da força e da determinação. É um lugar onde a história é contada não só em palavras, mas nas práticas diárias, na luta por direitos e na celebração incessante de uma identidade rica e ancestral. É um lembrete de que a cultura é um motor poderoso para a mudança e a dignidade.




Griôs
O termo griô refere-se a indivíduos que são os guardiões da memória coletiva e das tradições orais em suas comunidades. Eles desempenham um papel crucial na preservação e transmissão de conhecimentos, histórias e identidades culturais. Nossos Griôs se chamam Marino de Oliveira e Lucia Catarina de Oliveira. Confira os principais pontos da nossa conversa:


Bate-papo realizado pelas acadêmicas Vanessa do Rosario Farias, Gorete Aparecida de Oliveira , Vanessa Rosa dos Santos , Daniela Cristiana Borba , Luiz Evandro Cardoso , Maria Roseli de Oliveira , Tais Regina da Silva e Jeocelaynne Cristilla de Oliveira Costa no dia 04/09/2025.
Dona Lucia e seu marino os Griôs da comunidade , fala sobre sua vida na comunidade “ Seu Marino fala que sempre que chegou a morar na comunidade foi muito bom, que era muito diferente , Dona Lucia da Boa noite , agrade pela visita e da boas vindas, diz que quando chegou com seu Marino seu marido na comunidade , ela tinha 17 anos , a comunidade quilombola não era nada de como é hoje, não tinha tantas casas , que morou com seus sogros , ela conta que morava na estrada do este e que sempre passou pela comunidade mas que não sabia que ali era uma comunidade quilombola, a aluna Jeocelaynne pergunta como foi o encontro dos dois, seu Marino disse que um acaso do destino já Dona Lucia fala que o encontro aconteceu no Ribeirão do Cubatão, onde também é uma comunidade Quilombola hoje em dia, conta que seus filhos nasceram no Beco do Caminho Curto 6 filhos , aluna Jecoelaynne pergunta se todos os filhos foram de parto hospitalar, Dona Lucia conta que 4 foram de parteiras em casa a aluna Vanessa pergunta quais historias e ensinamentos os pais do Seu Marino e Dona Lucia deixaram pra eles e que marcaram para eles , Seu Marino conta o que marco foram as saídas , as idas ao campo de futebol, conta sobre seu inicio de namorado com Dona Lucia , que sua mãe tinha receio em aceitar , cita que a mãe da Dona Lucia era amiga da mãe dele , conta que seu sogro pai da Dona Lucia não aceitava , contava que sofria racismo pela sua cor mas que não aceitava .
Dona Lucia conta que não conheceu seus avos, que gostava de fazer oração , seu Marino conta que gostava dos ternos de Reis que sempre acompanhava , e que onde era o encontro era no seu Antônio Dave, que ia com seus amigos , a aluna Rose conta que seus pais do deixavam que eles saíssem se seu Marino e Dona Lucia fossem juntos, seu Marino conta que não tinha briga nos bailes que tudo era em família, que ele não permitia isso, aluna Jeocelaynne perguntou oque significa viver em comunidade viver em família, seu Marino conta que é viver em alegria, chamava sempre para estarem todos juntos, para fazer um bolo um peixe, conta do Sr falecido Janguinho que era um irmão para ele, aluna Jeocelaynne pergunta quais eram as maiores dificuldades, Dona Lucia conta que a agua era apenas do poço e diz que criar eles foi muito difícil também, e que a alegria dela foi ver todos criados e com saúde, seu Marino conta que o alimento principal que não podia faltar era a farinha o feijão e o peixe , conta das suas idas para o rio e que levava seu netos juntos , Dona Lucia conta das suas idas para o mato para fazer a vassoura de cipó, Dona Lucia conta do seu purê de abobara e o ensopadinho de peixe, que era tudo simples mas com muito amor afeto , o peixe era um ensopadinho com especiarias , a banana era madura e amassada , seu Marino contas que todos ficavam admirados com a saúde de seus filhos e perguntavam oque ele dava de comer ,seu Marino conta que dava caça do mato a Cotia que era o alimento deles, e que na mesa comia a vontade nunca havia brigas , aluna Rose pergunta como era a relação com a terra e a natureza , Dona Lucia conta que plantava, Taia, Banana, Café e que na comunidade tinha o engenho de farinha, seu Marino conta que logo cedo já tinha um biju fresquinho feito pela sua mãe, aluna Rose pergunta sobre os cânticos, Dona Lucia cita que seu sogro adorava a musica Rosa Branca, e que todos se juntavam para cantar, seu Marino disse que se juntavam em uma roda com pandeiro e que a família ali se unia, aluna Gorete pergunta oque vcs querem deixar para os Jovens da comunidade, Dona Lucia fala sobre o respeito que devem ter, os estudos que não devem parar e frisam que o respeito é primordial e que seus, conta sobre como era acolhido na casa do amigo dos seus pais.
A aluna Tais perguntou qual conselho querem deixar pros netos, seu Marino conta que viu os netos crescerem, hoje em dia estão grandes e que sempre o respeitaram, Dona Lucia fala sobre a comunidade as lembranças e seu Marino pede pra Deus deixar ele na terra muitos anos nessa terra. Aluna Vanessa agradece essa oportunidade que eles deram e pediu para que deixassem uma mensagem para os estudantes e para os alunos, seu Marino pediu pra que continuassem firmes e fortes, os Griôs agradecem a nossa vinda e para que voltassem sempre.